Tipologia Construtiva Casa-embrião de Alvenaria (Peabiru design) com ampliação de madeirite (madeira compensada) reciclada.
Nome do responsável pelo domicílio Claudiane tem 36 anos, trabalha com “bico”, trabalho esporádico e informal com diferentes empregadores. Ela é a chefe de família e mora com seus dois filhos e sua mãe.
Número de ocupantes na casa (e idade) Claudiane Solade, responsável pelo domicílio, tem 36 anos de idade. Sua filha Jennifer tem 19 anos, e o seu filho Vitor tem 11 anos de idade. A sua mãe de Claudiane tem 64 anos. Todos moram juntos, mas a mãe de Claudiane passa temporadas nas casas de dois outros parentes próximos.
Atividades típicas dos ocupantes na casa Cozinhar, lavar roupa, assistir TV, usar o celular, limpar a casa, conversar
Quando surgiu a oportunidade de Claudiane participar de um projeto de mutirão com o objetivo inicial de construir coletivamente casas de baixo custo sob a orientação da Peabiru TCA, ela não hesitou em participar do projeto.
As casas da Peabiru, financiadas pela SELAVIP, consistem em uma casa de alvenaria com núcleo de 20 metros quadrados, concebidas desde o início como casas-embrião, com possibilidades de ampliação no térreo e/ou verticalmente. O projeto das casas-embrião tem um quarto e um banheiro a serem entregues com estrutura de concreto armado, mas sem instalações hidráulicas, elétricas, ou acabamentos.
Os lotes alocados para as casas fazem parte de um processo mais amplo de melhoria incremental e coletiva da ocupação, chamado de auto-urbanização. Essas casas-embrião entram tanto na categoria de casas autoconstruídas, neste caso com apoio técnico de assessorias técnicas como a Peabiru, (Hiratsuka, 2023) quanto na categoria de moradia de modo incremental. A moradia incremental com apoio técnico na Ocupação Anchieta está baseada na demanda e não na oferta de casas (Morloos et al., 2020).
Antes de se mudar para as casas da Peabiru-SELAVIP, Claudiane morava em um barraco feito de madeira compensada (madeirite), localizado em frente à sua casa atual. Morar em um barraco era difícil, especialmente quando chovia muito. No inverno, a exposição ao frio, e no verão ao calor, pode ser mais severa em um barraco do que em uma casa de tijolos. Nas palavras de Claudiane,
“Eu estava muito avexada para sair de lá porque lá estava muito complicado morar lá. Lá a chuva ficava mais dentro do que fora da casa. Melhorou bastante. Lá estava muito frio, muito frio mesmo. Lá eu convivia com muita coisa, muita lesma, e quando dava aquela chuva forte mesmo eu convivia com sapo, rato, rato demais, e nem os gatos davam conta dos ratos.” (Entrevista Semi-estruturada, 19 de Abril de 2023).
Em setembro de 2022, Claudiane recebeu a casa-embrião de alvenaria (um quarto e um banheiro). Ela instalou eletricidade, água e piso, e também rebocou as paredes internas e construiu um anexo para o barraco. Ela se mudou em dezembro do mesmo ano. Claudiane decidiu construir uma cozinha e uma lavanderia no seu quintal, reciclando materiais de seu antigo barraco.
“Claudiane: Essa madeirite daqui eu reaproveitei da parte interior da outra casa que foi desmanchada. Daí eu aproveitei. Ana Paula: Quantos anos tem essa madeirite? Claudiane: Esses madeirites tem uns cinco anos.” (Entrevista Semi-estruturada, 19 de Abril de 2023).
Para Claudine, esses dois cômodos adicionais são apenas o início de sua jornada de moradia incremental. Ela planeja expandir para a frente da casa, construindo mais dois cômodos que funcionarão como quartos de dormir. Os planos de Claudiane diferem das sugestões de ampliação de Peabiru, veja a figura abaixo. Discutiremos as implicações dessas mudanças para o aquecimento e a ventilação da casa nas seções 4 e 5.
Moradores e seus hábitos De acordo com Claudiane, faz mais calor no cômodo da casa-embrião de alvenaria do que na ampliação do barraco de madeirite onde fica a cozinha e a lavanderia devido ao fato do vento circular mais nesses cômodos.